Sobre taxa de desemprego e responsabilidade com as informações
Numa entrevista concedida no início deste mês de novembro, o presidente eleito Bolsonaro (PSL), declarando absurdos e informações incorretas, tentou questionar a legitimidade da taxa de desemprego calculada pelo IBGE, tendo sido prontamente respondido e repudiado por diversas entidades no país e no exterior. Uma das mais imediatas e contundentes respostas partiu do ASSIBGE – Sindicato Nacional, que lembrou que o IBGE segue padrões metodológicos internacionais em suas pesquisas, da confiabilidade na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-Contínua), que recolhe dados de mais de 211 mil domicílios em 3.500 municípios brasileiros e que o a “metodologia das pesquisas não depende da vontade de qualquer governo, pois somos um órgão de Estado, a serviço da sociedade brasileira.”
O próprio IBGE também reafirmou o caráter de referência internacional da PNAD-Contínua e, em nota, declarou que “trata-se de uma das pesquisas mais avançadas do mundo, que segue as recomendações dos organismos de cooperação internacional, em especial a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Desde 2012, sua coleta está totalmente digitalizada.”
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), também defendeu a metodologia do IBGE, com o chefe de estatísticas e diretor do Departamento de Estatísticas da OIT, Rafael Diez de Medina, declarando que “a OIT apoia fortemente a metodologia seguida pelo IBGE para estimar o emprego e o desemprego, seguindo padrões internacionais.”
Outro apoio ao IBGE partiu de Buenos Aires, Argentina, onde a Central dos Trabalhadores da Argentina – Autônoma declarou solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras do IBGE, afirmando que “repudia as declarações de Bolsonaro e alerta sobre qualquer tentativa de intervenção que implique o ataque aos trabalhadores e as metodologias de trabalho de um órgão que, historicamente, utiliza padrões internacionais em suas pesquisas, com a finalidade de que as estatísticas brasileiras sejam comparáveis às dos demais países do mundo“, alertando que “na Argentina, conhecemos o perigo que implica a intromissão política nos órgãos oficiais de estatísticas, luta que encabeçaram de maneira heroica nossos companheiros da Junta Interna da ATE Indec durante quase dez anos, apoiados por nossa Central”.
O Núcleo Santa Catarina do ASSIBGE coloca-se na defesa dos trabalhadores e trabalhadoras do IBGE, defendendo seu fortalecimento e independência, repudiando as declarações incorretas e absurdas do presidente eleito, Como bem pontuou o ASSIBGE-SN, o IBGE tem como missão “’Retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento de sua realidade e ao exercício da cidadania.’ Continuaremos a fazê-lo com a dedicação de sempre, mesmo que isso não agrade aos governantes. Os políticos passam, a credibilidade do IBGE fica!”