Carta aberta das trabalhadoras e trabalhadores temporários do IBGE à presidência
Prezada presidenta do IBGE,
Nós, Agentes de Pesquisa e Mapeamento (APMs) do IBGE, trabalhadores temporários desta importante instituição para o país, estamos imensamente preocupados e apreensivos com a atual situação de desemprego e vulnerabilidade social, a qual estamos sujeitos neste tão delicado momento de pandemia, que tanto já matou e vem matando pessoas pelo mundo inteiro.
Diante do apresentado, são necessárias iniciativas e ações de diversos segmentos da sociedade em prol da garantia da dignidade e da vida humana. Período de pandemia é também de solidariedade. Desse modo, para famílias e indivíduos assalariados, a questão financeira se põe em relevo, é fundamental. Para enfrentar o momento excepcional, medidas precisam ser tomadas pela instituição.
Neste contexto, nós, APMs – que correspondemos a mais de 50% dos trabalhadores do IBGE – estamos em situação de precariedade no trabalho, com contratos vulneráveis, sem direito a estabilidade, ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e ao Seguro-Desemprego. Também tivemos nosso auxílio-transporte cortado, mesmo estando a mercê de novos gastos surgidos por efeito do teletrabalho, como: internet, telefone, aumento do consumo de energia, dentre outros. E agora, com o agravante da pandemia, encontramo-nos diante da situação de encerramento dos contratos de trabalho em meio à quarentena (até junho de 2020, serão 400 temporários que perderão seu vínculo empregatício com o IBGE). Ou seja, além de o nosso Contrato de Trabalho não nos assegurar muito, como se não bastasse, estamos perdendo nosso emprego, que é única fonte de renda para muitos de nós.
Assim, perguntamos: para onde iremos? Como conseguiremos novos empregos em um cenário desfavorável a novos concursos? Com cortes de salários e demissões de trabalhadores sendo uma realidade, como procuraremos novos empregos se a orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é para que fiquemos em casa? Como iremos nos alimentar, pagar nossas contas, satisfazer nossas necessidades básicas? Como manteremos o sustento de nossas famílias?
Vale salientar que estes desligamentos não só nos colocarão em condições de vulnerabilidade social, contribuindo de modo substancial para o aumento do número de desempregados, mas também prejudicarão o próprio IBGE. Com a nossa demissão, o IBGE terá seu corpo de trabalhadores diminuído, sobrecarregando as equipes e prejudicando a coleta de dados e, por conseguinte, a qualidade do trabalho.
Sendo assim, solicitamos a PRORROGAÇÃO DOS CONTRATOS, bem como ocorreu com a Medida Provisória 903/2019, que – correta e racionalmente – autoriza a prorrogação do tempo de contrato dos trabalhadores temporários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
O momento pede solidariedade, sensatez e, sobretudo, iniciativas que visem a DIGNIDADE e a VIDA HUMANA! Sem esquecer que o Covid-19 já infectou e vitimou, lamentavelmente, trabalhadores desta própria instituição. É fundamental que o IBGE seja reconhecido, não só pela importância de seu trabalho para o país, mas também como uma instituição aliada à vida de seus trabalhadores.
- Pela Prorrogação dos Contratos
- Mais tempo. Menos precarização
- Por uma instituição comprometida com a vida de seus trabalhadores.
Trabalhadoras e Trabalhadores Temporários do IBGE
Núcleos e entidades que apoiam o documento acima elaborado pelas Trabalhadoras e Trabalhadores Temporários do IBGE:
• Núcleo Minas Gerais
• Núcleo Paraíba
• Núcleo Santa Catarina
• Núcleo São Paulo
• Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado de São Paulo;
• Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica – SP;
• Subsede Itapecerica da Serra da APEOESP;
• Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Estadual das Cidades de Caieiras e São Paulo;
• Sindicato dos Trabalhadores Serviço Público Federal Estado São Paulo;
• Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central – SP