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Pandemia fora de controle e sem condições para trabalho de campo e atividade presencial são as conclusões de trabalhadores do IBGE em SC, segundo pesquisa do Núcleo SC

Leia abaixo ou neste link a Nota Técnica do Núcleo SC – ASSIBGE-SN sobre a pesquisa com trabalhadoras e trabalhadores do IBGE no estado, abordando aspectos importantes sobre o trabalho durante a pandemia de COVID-19.

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Pesquisa realizada pelo Núcleo SC – ASSIBGE/SN mostra que entre trabalhadores do IBGE em SC, 96,4% consideram que a pandemia está fora de controle e 91,1% acreditam que não existem condições seguras para trabalho de campo e atividade presencial. A pesquisa contou com 56 respondentes. Estes resultados mostram a preocupação dos servidores com a dura realidade da pandemia de COVID-19, que já causou mais de 400 mil mortes no país, e a resistência à pressão da direção para o restabelecimento do trabalho presencial e de campo.

Entre quem respondeu a pergunta, o medo também apareceu de maneira preponderante: 78,6% declararam ter muito medo de pegar a doença e 16,1% ter um pouco de medo. Para o combate ao novo coronavírus, 87,5% consideram que a manutenção do isolamento social e do trabalho remoto como medidas essenciais.

Dos 56 respondentes, 20 disseram que foram convocados pro trabalho presencial. Desses 20, 12 se sentiram muito inseguros (60%) e 6 parcialmente inseguros (30%). Quanto aos EPIs, 33,9% considerou o que foi fornecido pelo IBGE totalmente inseguro e 32,1% considerou parcialmente inseguro.

Dentre os condicionantes para realização de trabalho presencial, 75% considera necessário o controle da pandemia, com drástica redução do número de casos e óbitos, 83,9% que se atinja um índice de vacinação em massa da população e das/os trabalhadoras/es do IBGE e 60,7% disponibilização de EPIs de melhor qualidade (máscaras padrão N95/PFF2, face shields e álcool em gel).

A Pandemia e a necessidade de isolamento impuseram mudanças importantes na rotina do IBGE, complicando bastante a realização das pesquisas domiciliares que passaram a depender de contato telefônico com os informantes. Isto, por sua vez, torna inviável as primeiras entrevistas do esquema da PNAD-c, dada a ausência dessa informação para os endereços selecionados.

Numa tentativa de contornar a situação, a direção do IBGE conseguiu a edição de uma medida provisória que impunha às concessionárias de serviços de telecomunicações a obrigação de compartilhamento de dados para suporte à produção estatística oficial durante a situação de emergência de saúde pública. Entretanto, o STF suspendeu os efeitos da MP, alegando sua inconstitucionalidade. Muito pouco foi feito em termos de comunicação e publicidade, até como efeito da carência de orçamento e da precarização do IBGE, resultando em problemas consideráveis no aproveitamento da pesquisa.

Em seguida, o IBGE inventou uma alternativa pra lá de esquisita e improvisada: contratar motoboys, com suprimento de fundos, para a coleta de informações de contato dos domicílios selecionados para primeira entrevista. Evidentemente, a iniciativa gerou imediata reação do sindicato e a direção acabou desistindo desta aberração.

Continuando com suas péssimas ideias – adotadas de cima pra baixo, sem qualquer diálogo com os trabalhadores – a direção do IBGE aprovou as portarias de flexibilização do teletrabalho, autorizando algumas atividades presenciais. No mesmo dia, o levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa registrava 1.370 mortes pela COVID-19 em 24 horas, totalizando 248.646 de brasileiras e brasileiros mortos pela doença. Em Santa Catarina, pessoas morriam à espera de leitos de UTI e o estado era obrigado a transferir pacientes, da região Oeste (Chapecó) para outros estados, dado o colapso do sistema de saúde. Pouco depois veio o março mais tenebroso da história brasileira recente, com seguidos recordes de mortes diárias e o cruzamento do pavoroso patamar de 300 mil mortes pela pandemia.

Diante do quadro a população se amedrontou: levantamento do Datafolha divulgado em 18/03 apontava que 79% dos brasileiros consideravam que a pandemia estava descontrolada e 82% tinham medo de contrair o coronavírus (55% muito, 27% um pouco).

É nesse triste e assustador contexto que as portarias foram editadas, visando melhorar o aproveitamento da PNAD-C ou viabilizar algumas atividades consideradas essenciais pelo CD do IBGE. Parece mesmo que ou a direção está totalmente alienada da realidade ou, para eles, a meta está acima da vida!

A realidade se impôs e o censo experimental, que ocorreria em março na cidade de Paulo de Frontin-RJ foi cancelado por restrições impostas pela prefeitura, diante do agravamento da situação sanitária. Além disso, em muitas UE as medidas restritivas estaduais e municipais inviabilizaram o trabalho de campo. Assim, a UE-SC está entre as poucas que, num claro contrassenso, está cobrando trabalho de campo das agências, “delegando” a decisão para os chefes de agência mas firmes na cobrança por resultados.

Diante da situação, o sindicato promoveu debates – via assembleias virtuais e lives – sobre a greve sanitária, recurso e direito dos trabalhadores que se configura na suspensão das atividades por razões de segurança ou saúde. Infelizmente, a viabilização do movimento ainda depende de maior engajamento de trabalhadores, com o agravante da extrema vulnerabilidade do contrato de trabalho daqueles que, na prática, serão obrigados a peregrinar nos setores em busca de contato dos informantes, se expondo ao risco.

A pesquisa do sindicato mostra que há no IBGE em SC medo da pandemia e falta total de condições para o trabalho presencial e de campo. Os trabalhadores do IBGE em SC exigem respeito e proteção. A direção estadual tem que se posicionar claramente sobre os riscos envolvidos com o trabalho de campo, em vez de ficar apenas cobrando resultados. A VIDA ACIMA DA META!

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